Alvo de denúncias por parte de pais de estudantes, o esquema de venda de livros em escolas particulares tem causado indignação no período de volta às aulas.
Como denunciado pelo Jornal Metropole na quinta-feira (13), instituições de ensino em Salvador estão impondo aos pais e responsáveis a compra do material didático exclusivamente através da escola, cobrando preços exorbitantes e inviabilizando o reaproveitamento. O presidente do SINPRO (Sindicato dos Professores no Estado da Bahia), Allyson Mustafa, criticou o sistema de vendas e revelou que os professores não aprovam esse processo.
Segundo Mustafa, os professores vêm perdendo cada vez mais autonomia na sala de aula. Em uma espécie de “quartel didático”, as instituições vendem não apenas livros, mas sim um pacote fechado de Sistema de Ensino, que inclui uma plataforma para acessar os materiais utilizados no ano letivo. “A escola nos obriga dizer que os alunos precisam utilizar aquela plataforma. O professor está ali obedecendo uma ordem, sendo hierarquicamente subordinado à direção da escola”, alegou o presidente do sindicato.
“Quando o professor fala na sala de aula que o aluno precisa usar a plataforma, ele até pode concordar pedagogicamente com o uso daquela ferramenta, porque tem coisas boas de fato, mas isso não significa que ele está se aliando à ideia de que as famílias estão obrigadas a comprar aquilo ou está pressionando o aluno porque vai obter alguma vantagem. O professor não é parte dessa espécie desse esquema, ele é só mais uma vítima, que responde a uma exigência da escola”, acrescentou.
O presidente ainda questiona a ética das escolas no momento da escolha dos materiais que, segundo ele, contraria a Convenção Coletiva de Trabalho. “Essa é uma diretriz que estabelece que o professor precisa participar da escolha do material didático, mas que tem sido violada pelos donos de escola. O professor não participa mais. É uma questão meramente comercial em que os donos de escola estabelecem qual será o material didático e o empurram goela abaixo de pais e professores”.
O líder do SINPRO ainda pontua que é difícil se opor a esse método, pois “o espaço de participação está cada vez menor”. “No estado atual de relações de trabalho que a gente tem, com o patronal que a gente tem hoje, que dialoga muito pouco e é muito impositivo, autoritário e antidemocrático, o espaço de participação do professor no fazer da escola tem sido reduzido”, criticou.
Enquanto isso, pais e responsáveis continuam a pressionar por mudanças, organizando campanhas nas redes sociais e buscando apoio jurídico para questionar a legalidade das cobranças. A discussão promete se intensificar nos próximos meses, especialmente com a proximidade do início do ano letivo, quando a compra de materiais escolares se torna uma preocupação central para milhares de famílias.
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