A Bahia é o campeão de desmatamento do cerrado – a mais rica savana do mundo em biodiversidade, que se espalha por cerca de 204 milhões de hectares, ou 24% do território brasileiro – uma área equivalente ao tamanho da Espanha, França, Alemanha, Itália e Reino Unido juntos.
O município campeão é São Desidério, no Oeste do Estado, de acordo com levantamento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) referente a março passado. Sozinho, o município foi responsável pelo desmatamento de 37,4 mil hectares naquele mês para o plantio de soja.
E a cidade de São Desidério não está desacompanhado na destruição do segundo maior bioma da América do Sul. Fazem parte da lista dos dez que mais desmataram outros quatro municípios da Bahia: Cocos (quarto lugar, com 25 mil hectares desmatados), Correntina (sexto lugar, com 19,2 mil hectares), Jaborandi (sétima posição com 18,4 mil hectares) e Formosa do Rio Preto (décima colocação, com 14,5 mil hectares desmatados). Juntos, esses cinco municípios baianos foram responsáveis por devastar 114,5 mil hectares do cerrado no mês passado.
Na verdade, houve apenas mais uma troca de posição na lista dos 10 municípios que mais devastam o cerrado, mas sem que a Bahia perdesse a liderança da destruição – em fevereiro passado, o campeão foi o município de Cocos, com 3 mil hectares desmatados, e em janeiro, Cotegipe, também com 2 mil hectares de vegetação nativa suprimida.
Os campeões baianos integram a relação dos 337 municípios do Matopiba, principal fronteira agrícola do país, composta por partes dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, onde foram desmatados 494 mil hectares de cerrado no ano passado, o equivalente a 75% de toda a área desmatada do bioma.
O que se viu no mês passado foi uma enorme aceleração no ritmo de desmatamento do cerrado baiano. Esse descontrole coloca o Estado na contramão dos esforços do governo federal para conter o desmatamento na Amazônia e nos demais biomas do país.
Na realidade, desta maneira, a Bahia acaba comprometendo a luta do governo federal para apresentar ao mundo um resultado favorável na luta pela preservação dos biomas do país, durante a reunião da COP 30, a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, que vai ocorrer em Belém, no Pará, em novembro de 2025.
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